sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Capítulo 3 - Alicerces ideológicos da Igreja:


Templários na defesa da cidade

A igreja católica inicialmente repudiava ao idéias Platônicas ( Adaptadas por: Santo Agostinho ) e Aristotélicas (Adaptadas por: Santo Tomás de Aquino ), no entanto isto não pode durar por muito tempo, pois a razão contida nestas idéias começava a ficar mais forte que a fé que até então sustentava a religiosidade. O que ocorreu então foi uma adaptação de idéias e a união da fé cristã com as idéias gregas. Inicialmente a própria igreja entrou em atrito com seus integrantes. Entretanto há veemente necessidade de salvar a igreja das novas idéias, e para isto o melhor a fazer é unir-se a elas, pois do contrário entrariam em derrocada pelas forças do Direito, Medicina, Filosofia, Literatura, ciências e matemática estudadas nas universidades a partir do séc. XII.
Como então os profissionais atuantes na área da Educação Física podem aproveitar-se de todos os alicerces ideológicos no intuito de aplica-los à sua maneira de ensinar? Vê-se numa primeira instância suma importância nos ensinos em universidades de matérias como “História da Educação Física” e “História da Didática” para um professor, pois com estes recursos o professor terá uma noção clara e abrangente dos processos pelos quais passou a sociedade. Como o cristianismo conseguiu por tanto tempo impor à população em geral um regime exclusivo de fé? Pela força? Repressão? Talvez durante certo tempo estes métodos bruscos tenham funcionado, ocorre que o gênio humano prioriza pela liberdade, e não faltou muito para que fossem redescobertas novas idéias: Nos primórdios do medievismo ( Alta idade média do séc. V ao XI ) os copistas nos monastérios onde as ciências eram limitadas à 7 com o trivium ( gramática, retórica, dialética ) e o quadrivium ( aritmética, geometria, música, astronomia ), entretanto com a influência oriental tudo mudou surgiu a escolástica com sua lógica e distinta vida intelectual, que com seus discursos metafísicos e abstratos ajudaram no processo da construção dum novo pensamento originando as Universidades ( como exemplo a de Oxford na Inglaterra fundada no séc. XII. ). A cavalaria por seu lado ostentava um caráter de disciplina social dando um caráter bastante peculiar aos processos educacionais.

“As verdades que alcançavam possuíam apenas valor formal. Tais verdades afetariam, principalmente, a vida de pensamento e só, indireta e remotamente, a conduta o povo. Suas discussões eram desprovidas de qualquer base real; não visavam nenhum aspecto concreto do mundo, nem ofereciam nenhuma contribuição de valor ao mundo do pensamento.”
( Paul Monroe, 1939 )

Com a queda de Constantinopla e a decadência do império romano surge o período denominado Idade Média ( 476 – 1453 ) em que prevalece o feudalismo, uma economia agrária não comercial, auto suficiente em que há basicamente três classes comerciais: clero, nobreza e servos. Surge o cristianismo trazendo a idéia da salvação da alma pela fé, e um considerável desprezo pelo corpo, esta é uma questão nevrálgica de nosso tema, pois nos envolvemos aqui de maneira íntima com aspectos da metafísica religiosa, ou seja: com a teologia. Os grandes místicos pregam a ascenção à Deus por via da abnegação, do altruísmo o que contradiz em muito às idéias políticas provindas de Maquiavel no período em que culminava a decadência da Idade Média: Na política não existe confiança que não vise interesses secundários ou vantagens a si mesmo. Do contrario as idéias de pensadores religiosos da Idade Média ocidental eram de pregar a humildade e a caridade, o amor e a paz, o trabalho e a fé. De certo modo uma filosofia que se baseava exclusivamente no sentimentalismo de uma população ignorante e necessitada de luzes, idéias, definitivamente de palavra. As igrejas eram ambientes sabiamente construídos no intuito de trazer crentes e confirmar o poderio da mesma instituição, era praticamente a base de tudo, a própria arte foi patrocinada pela igreja, de modo que grandes músicos, grandes pintores eram convidados a produzir temas religiosos, fazendo assim com que os católicos tivessem ainda mais satisfação e admiração pelas igrejas. Nota-se que há, como hoje, uma cultura de elite bastante distinta que se aproveita da falta de discernimento da população para pregar idéias e adquirir poder. Mais uma vez notamos o quão importante é o conhecimento, e a massificação e dispersão de valores e idéias específicos.
Dizer que durante a Idade Média não houve disseminação de atividade física por puro comodismo seria petulância oprobriosa de nossa parte, numa sociedade que antes ( da I.M. ) cultuava o corpo para a guerra, e antes ainda na sociedade Grega a beleza da estética corporal com tal intensidade vangloriada. Deve-se no entanto relembrar que as artes e o movimento distrativo são de certo modo afazeres secundários, que apenas foram na Grécia cultuados devido ao grande número de escravos que sustentavam aquela sociedade, de resto, notamos que o corpo em Roma era cultuado com fins estritamente funcionais, já que a guerra era uma característica concernente àquela sociedade. Pois então pelo fato de que a Idade Média apresentou e si uma fragmentação das cidades do Império Romano, e ainda sofreu de sobremaneira dentre pestes e guerras o que surgiu foi uma sociedade sedenta de cultura e apoiada simplesmente numa fé religiosa, aquele que hoje em dia passa fome e não está seguro do dia de amanhã certamente não pode pensar em arte, filosofia ou atividade física mas sim recorre à primeira mão que lhe é estendida, assim ocorria, e assim ainda ocorre quando vivemos em um país de economia agrária, com empresas multinacionais que usurpam concorrentes nacionais, numa realidade não tão diferente quanto aquela em que pessoas nutridas de uma sub-cultura se “embesteiam” por verdades prontinhas, fórmulas que podem naturalmente condizer à fé que houve durante a Idade Média na igreja. Hoje esta fé está totalmente priorizada, voltada à esta sub-cultura televisiva. Um dos principais problemas é que o grande contingente da população não tem senso crítico para selecionar aquilo que vê, tendo como repercussão um ciclo vicioso que engrandece à elite. ( Não foi sempre assim? ). Ambientando esta analogia temporal ao contexto educacional tomamos consciência da gravidade do problema, e este é única e exclusivamente o fim último deste compêndio, a solução está em fornecer subsídios educacionais aos alunos para que tenham pensamento crítico naquilo que vêem, que apliquem isto à tudo que lhes é aplicado, o professor de Educação Física não deve ser uma enciclopédia de informações, mas sim um facilitador, sim, entramos aqui na escola construtivista, do contrário os alunos o vêem como alguém distante.
A atividade física durante a Idade Média era baseada nas lutas territoriais e na guerra religiosa ( cruzadas ) portanto de caráter funcional e militar, ainda que coincidentemente os padres após as missas dos domingos jogavam à “Soule” um jogo antepassado do futebol, utilizei o termo coincidentemente num tom de burla já que a igreja em si tinha folga para estas atividades de lazer enquanto o grande contingente preocupava-se com atividades de caráter prático ( comércio, agricultura, guerra ) Haviam os jogos eqüestres, era a manifestação esportiva de maior relevância em que demonstrava-se coragem e manuseio de armas. Torneios eram realizados em festas religiosas, matrimônios e acontecimentos políticos, a nobresa participava destes torneios onde havia bastante violência com mortes e prisioneiros. As justas ou Giostras eram atividades onde participavam dois cavalheiros com o objetivo de derrubar o oponente do cavalo. Quintanas eram corridas à cavalo onde tentava-se acertar um alvo suspenso. Na corrida do arco tentava-se acertar fantoches no coração com as flechas. No séc. XI há o Cálcio em Florença, Palio em Siena e Regatas em Veneza. Durante a renascença a atividade física adquire valores Éticos e Higiênicos continuando o valor militar.
“Hoje subi a montanha mais alta desta região, a qual, não sem motivo, chamam de Pico Ventoso. Nenhuma razão, senão o desejo de ver sua conspícua altura nos levou a fazer esta expedição. O dia foi longo, o ar estava morno; isso e nossas mentes enérgicas, corpos fortes e ágeis e todas as demais condições assistiram-nos em nosso caminho.”
( Petrarca, 1400 )

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